Embora a Colômbia tenha atingido, em 2024, sua maior produção de café em quase três décadas – 14,7 milhões de sacas, sendo um dos maiores produtores mundiais – uma investigação da Repórter Brasil, em conjunto com a organização Voces por el Trabajo, revela que esse sucesso comercial se baseia em condições de trabalho precárias que afetam milhares de safristas, em regiões como Antioquia e Huila. Mais de 80% desses trabalhadores temporários da colheita não têm contrato formal, o que os deixa sem acesso à previdência social, aposentadoria, assistência médica ou proteção contra acidentes. As jornadas de trabalho costumam exceder os limites legais, a remuneração muitas vezes se baseia no volume colhido, e os pagamentos oscilam dependendo do clima ou da produção, de modo que alguns acabam com rendimentos abaixo do salário mínimo.
Além disso, as condições de vida geralmente são muito difíceis: os alojamentos costumam estar superlotados durante a colheita, com ventilação e iluminação insuficientes, banheiros compartilhados sem privacidade e sem espaços adequados para descanso nem higiene. O que chama a atenção é que várias fazendas com certificações “sustentáveis” ou de boas práticas ambientais (Rainforest Alliance, Fairtrade, C.A.F.E. Practices, etc.) não cumprem padrões trabalhistas básicos. Embora prometam melhorias, na prática, essas certificações não garantem que os trabalhadores safristas tenham moradia digna, contratos ou plenos direitos.
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